- 26 de setembro de 2025
Centro Universitário Integrado desenvolve projeto de “palhaçoterapia” em Campo Mourão
IntegrAlegria forma estudantes de medicina para humanizar atendimento em serviços de saúde com apoio de empresas locais

O Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão–PR, lançou no final de fevereiro de 2025 o projeto de extensão "IntegrAlegria, Humanização e Palhaçoterapia em Serviços de Saúde”, que capacita 28 estudantes do curso de Medicina para atuar como palhaços-terapeutas. A iniciativa prepara os acadêmicos para realizar visitas semanais a hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e instituições sociais do município, visando humanizar o ambiente de saúde e reduzir a ansiedade de pacientes, familiares e profissionais.
A iniciativa, coordenada pela professora Raquel Lima de Brida, apoiada pela direção e coordenação do curso, representa a estrutura de palhaçoterapia na região e conta com patrocínio de três empresas locais para custear as capacitações, Marcos Trindade Corretora de Seguros, GHM Troca de Óleo e Vidroscape.
O projeto selecionou 28 acadêmicos entre 43 candidatos inscritos no processo seletivo realizado entre março e abril de 2025. A seleção incluiu inscrição, carta de intenção, dinâmica de grupo e entrevista, seguida de capacitação teórica e prática em palhaçaria hospitalar.
Metodologia
O IntegrAlegria fundamenta-se nos pilares “Sentir, Olhar e Sorrir” que orientam a formação dos estudantes em técnicas de escuta sensível, comunicação empática e interação lúdica adaptada ao ambiente de saúde. As equipes atuam em duplas ou trios, com rotina de duas a três visitas semanais, respeitando protocolos de biossegurança e planejamento conjunto com as equipes de saúde.
As atividades incluem música, brincadeiras, pintura, leitura de histórias e interações personalizadas, sempre respeitando o estado clínico e a receptividade de cada paciente. O projeto está sendo desenvolvido desde o dia 04 de outubro e já passou por nove UBSs de Campo Mourão-PR (Urupês, Paulista, Tropical, Cidade Nova, Cohapar, San Marino, Copacabana, Lar Paraná e Unidade De Saude Centro Social Urbano), no Lar dos Idosos com visitas quinzenais aos sábados, e iniciará atividades no Hospital Unimed.
Para a gerente da atenção básica de Campo Mourão, Danielli Santoro, a iniciativa já demonstra resultados visíveis no dia a dia das unidades. “Percebo que o IntegrAlegria traz um benefício enorme para o nosso serviço: ele humaniza o atendimento. A alegria dos palhaços renova o ânimo dos pacientes e também dos profissionais, deixando o ambiente mais leve e acolhedor”, afirma.

“O IntegrAlegria nasceu do desejo de transformar como vivemos o cuidado em saúde. Para os pacientes e famílias, é um respiro em meio ao tratamento. Para os profissionais, um alívio no cotidiano intenso. E para nossos alunos, uma oportunidade de se formarem como médicos com foco na humanização e preparados para enxergar o paciente em sua integralidade”, afirma Raquel Lima de Brida, coordenadora do projeto e professora com 22 anos de experiência na área da saúde.
Impacto na formação médica e comunidade
Ao unir prática acadêmica e responsabilidade social, o projeto oferece aos futuros médicos a oportunidade de desenvolver competências humanas e socioemocionais, ao mesmo tempo, em que leva acolhimento e cuidado diferenciado aos pacientes e familiares.
O diretor da Escola de Medicina do Centro Universitário Integrado, Heber Amilcar Martins, reforça esse diferencial ao afirmar que o projeto amplia o olhar do futuro médico. “Nossos estudantes estão aprendendo que medicina não se limita a diagnósticos e tratamentos. Estamos formando profissionais que compreendem a importância do cuidado integral, onde o aspecto emocional e humano tem papel fundamental no processo de cura”.

Para os acadêmicos, a experiência vai muito além do voluntariado: trata-se de um espaço de desenvolvimento de habilidades socioemocionais que complementam a formação técnica. A graduanda Sarah Joyce Almeida da Silva, uma das idealizadoras do projeto, destaca que a prática da palhaçoterapia aprimora competências essenciais à medicina contemporânea.
“Aprendemos a importância de enxergar cada paciente como único, valorizando sua história, suas emoções e sua dignidade. Essas competências tornam a prática médica mais completa e verdadeiramente centrada no paciente”, afirma a estudante.
Origem e desenvolvimento científico
O projeto originou-se de um Projeto de Intervenção na Comunidade (PIC) da disciplina “Atividade de extensão em saúde para comunidade 2”, desenvolvido pelos acadêmicos Sarah Joyce Almeida da Silva e Victor Emanuel de Souza Silva, estudantes do quarto período do curso, idealizadores da iniciativa, que procuraram a professora Raquel para transformar a ideia em projeto de extensão.
O projeto não tem duração definida, com intuito de manter a adesão de novos alunos, conforme os que estão finalizando o curso de Medicina. Após 24 meses de projeto, os membros pretendem fazer um minidocumentário para apresentar em congresso. A iniciativa também prevê a produção de dois artigos científicos sobre os resultados das intervenções, e a metodologia será avaliada continuamente por questionários aplicados a pacientes, familiares e profissionais de saúde.
A docente Raquel Lima de Brida, explica que “a palhaçoterapia é reconhecida cientificamente como ferramenta terapêutica, demonstrando benefícios na redução de estresse e ansiedade, melhora da adesão ao tratamento e fortalecimento da resposta imunológica, segundo estudos em psicologia e neurociência”.
Cada intervenção é única, guiada pela escuta e improvisação, com o palhaço adaptando sua abordagem conforme as reações e necessidades percebidas. O projeto também inclui formação continuada em palhaçaria, ética, saúde coletiva e temas relacionados à humanização, além de rodas de conversa para reflexão coletiva.




